O
título deste post parece um pouco básico, comum. Acredito que todos saibam o
que diferencia um profissional regular de um profissional bom e um bom de um
excelente, mas embora isso pareça trivial, na prática não é bem assim. As
pessoas sabem o que fazer para se destacarem e sabem também o quanto essa
diferenciação tem tomado espaço no mercado de trabalho por meio das avaliações
de desempenho nas empresas, mas quando chega a hora de colocar em prática o que
sabem, a história é outra.
É mais
ou menos como querer emagrecer: todos sabem que para emagrecer e manter a forma
não há milagres, é preciso fazer uma dieta com alimentação balanceada, evitar
excessos, praticar atividades físicas, beber bastante líquido etc. Todos sabem
disso, mas mesmo assim, é comum encontrar pessoas que ano após ano dizem que
iniciarão uma dieta e logo em seguida desistem. Sabem o que deve ser feito, mas
não o fazem porque dá trabalho, porque é penoso, porque exige disciplina e uma
enorme dose de persistencia. Enfim, o que parece trivial e é do conhecimento de
todos, na prática pode ser muito difícil de ser feito.
Nós, profissionais, nos dias de hoje, temos muito acesso à
informação. Todos sabemos o que o mercado exige em termos de competências
profissionais, conhecemos o que as empresas esperam de seus funcionários,
sabemos o que torna um profissional mais valorizado do que outro no mercado e,
principalmente, conhecendo a cultura do local onde trabalhamos, é fácil
entender o que norteia as decisões e análises a respeito dos profissionais que
fazem parte da organização. Acontece que temos, por vezes, grande dificuldade
de colocar em prática o que sabemos, o que é importante no contexto em que
estamos inseridos e com isso, poderemos perder oportunidades e receber
avaliações muito aquém do que sabemos que somos capazes.
Agora, imagine que você adquire um imóvel e contrata um
profissional para pintá-lo. Você vai pagar o valor de mercado pelo servico,
mostra a ele o que você quer que seja feito, compra o material e fecha o
contrato. Você sai de casa para trabalhar confiando que o pintor fará um
trabalho bem feito, exemplar. É o que você espera: que os cômodos não fiquem
manchados, que o material combinado e comprado seja suficiente para fazer o
serviço completo, que ele termine o serviço no prazo etc. Essas são as suas
expectativas.
Acontece que os resultados são diferentes do que você esperava.
É certo que ele pintou o imóvel, muito bem até por sinal, mas o prazo
extrapolou em 2 dias (o que lhe causou certo transtorno), o material que ele
pediu não foi suficiente (o que gerou um gasto maior do que o previsto), e para
piorar a situação, ele não cuidou do imóvel, deixou o chão todo manchado de
tinta e isso vai te dar um trabalho enorme depois para limpar. Resumindo… a
pintura ficou ótima, mas todos os outros serviços, agregados direta e
indiretamente ao serviço contratado ficaram aquém do esperado e com isso
geraram prejuízo.
Trazendo esse exemplo para o universo das organizações, vemos
muitos casos desses. Profissionais que desenvolvem um trabalho no limite do
básico, muitas vezes fazem até menos do que o básico e esperam ter o mesmo
reconhecimento e a mesma recompensa que aquele que fez além do que era
esperado.
Um outro exemplo aconteceu em um dia em que estava em uma
cafeteria e por questão de espaço e do volume da conversa da mesa ao lado,
acabei escutando o assunto. Uma moça conversava com outra e o teor da conversa
era sobre trabalho e a percepção do que era ou não pertinente à sua função. Uma
dizia para a outra:” – Eu não vou fazer nada além do que é o meu trabalho. Sou
recepcionista e o meu trabalho é recepcionar.” Fiquei refletindo sobre aquela
frase durante algum tempo. O que seria recepcionar na visão dessa
recepcionista? E o que seria recepcionar na visão da empresa? Quais seriam as
tarefas relacionadas ao trabalho daquela recepcionista e que poderiam estar
intrínsecas ao trabalho dela? O que poderia torná-la uma profissional
excelente? Quais competências ela deveria ter para essa função e quais ela
deveria se preocupar em desenvolver para tornar-se uma profissional excelente e
diferenciada? São perguntas importantíssimas e que devem fazer parte de nosso
processo de trabalho. Com estes questionamentos fica mais fácil entender o que
é preciso fazer para oferecer um trabalho além do básico.
Já vi casos em que um profissional que pertencia a uma equipe de
pessoas com a mesma função, ao fazer um trabalho diferenciado, era visto pelos
colegas como “puxa-saco que queria aparecer” e por vezes até ameaçado era por
essas pessoas.
O que não se pode mais negar, concordando ou não, é que as
empresas buscam pessoas que façam mais do que o básico. Isso acontece porque
estas mesmas empresas são constantemente pressionadas a oferecerem mais do que
o básico aos seus clientes (que estão cada vez mais exigentes). Por uma questão
de lógica, somente as empresas dotadas de pessoas com competências alinhadas ao
negócio, que entendam o seu papel no contexto organizacional e que estejam
dispostas a contribuir com o sucesso do negócio e com a superação das
expectativas dos clientes, terão chance de sobrevivência nesse mercado tão
competitivo. É obvio que estas empresas buscarão pessoas capazes de levá-la ao
alcance desses objetivos. Pessoas diferenciadas, com desempenho acima da média.
A fim de garantir esse desempenho as empresas criam ferramentas de avaliação de
desempenho e resultados e recompensam os profissionais que mais se destacam.
Estes profissionais terão mais chances de progredir profissionalmente, de
particpar de programas de desenvolvimento e serão cogitados quando
oportunidades de maiores responsabilidades surgirem pois as empresas apostarão
mais em um profissional que demonstra capacidade de fazer mais do que o
esperado. Esse é o jogo e não adianta lutar contra isso. É isso o que as
empresas buscam nos profissionais e terão destaque e maiores oportunidades os
que oferecerem um desempenho compatível com o esperado.
É um ciclo contínuo comandado pelos resultados que cada um
agrega ao trabalho, por isso aconselho que cada um faça a sua autoavaliação
constante a fim de perceber o que pode fazer melhor pois, o retorno de um
trabalho feito com excelência é benefício para o próprio profissional.
Pense sempre: Você contrataria alguém como você para fazer parte
de sua equipe? Considere a sua postura, o que você tem feito nos últimos meses
para se desenvolver e atualizar, como lida com os conflitos, como coopera com
os seus colegas, como ensina a quem não sabe fazer e como se porta diante de
situações que exijam mais do que o básico.
“Para mudar nossos hábitos, primeiro temos que assumir o
compromisso profundo de pagar o preço que for necessário.” (William
James)
Fonte: rhparaescolas.com
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